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Porque eu gosto de futebol

Os que me conhecem sabem: eu adoro futebol. A paixão pelo esporte vem desde a infância, mas não tem como explicar. O que eu sinto na frente da TV ou em estádio é algo que nunca consegui mostrar em palavras. Com a proximidade de mais uma temporada esportiva (a primeira minha como jornalista esportivo) trabalhei para produzir um post que explicasse esse sentimento confuso, porém gostoso, que tenho com o futebol. Até que o mestre Luis Fernando Verissimo sintetiza no jornal Bom Dia do dia 14 de janeiro de 2011 tudo o que sempre senti com o futebol. Reproduzo o texto do mestre da crônica e conto, e assino embaixo!

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Não deu (Luis Fernando Veríssimo)

Nosso time é a nossa segunda pátria. Tem até hino e bandeira como a outra pátria. Conhecemos a sua história, cantamos as suas glórias, queremos vê-la sempre vitoriosa entre as nações e a amamos com fervor. Mas, assim como acontece com a pátria de verdade, nem sempre sabemos o que amamos.

Ser brasileiro é de nascença, mas o time a gente escolhe, geralmente seguindo uma tradição familiar, ou influenciado por alguém, ou pelo fato do time estar em evidência no momento, ou pela simples simpatia.

E o que é, exatamente, o objeto dessa paixão que nos pega desde pequenos e nunca nos larga?

Não é o clube como entidade social, esta nem nos pertence. Suas cores e seus símbolos nos emocionam, mas são apenas cores e símbolos - embora muita gente morra por apenas cores e símbolos.

Amamos os jogadores, o time?

Mas o time é provisório, é mesmo o que há de mais transitório e fugas nesse estranho relacionamento. O que amamos, então, é uma abstração, uma ilusão de continuidade mesmo que o time seja sempre outro. Um ideal romântico.

O amor por um time é o último exemplo de romantismo puro no mundo.

O problema na relação da torcida com o jogador é este: a torcida ainda vive no século 19, os jogadores vivem na era do realismo prático.

O jogador ideal da torcida é o que se forma no clube, sobe das divisões de base para o time titular como grande revelação, recebe propostas fabulosas para mudar de time, mas mantem-se fiel à camiseta. Enfim, não trai a pátria. Um perfeito herói romântico.

Claro que o ideal é frágil e os torcedores já se resignaram aos novos tempos de empresários sem fronteiras, negócios sem limites e jogadores sem espírito de torcedor, mas vez que outra assoma o romantismo.

O retorno de Ronaldinho ao Grêmio, de onde saiu mal há dez anos atrás - se tudo acontecesse como o Grêmio queria - seria um triunfo de folhetim à antiga.

Um filho do clube voltando perdoado e (se ainda jogasse metade do que jogava no seu auge) levando o time a novas grandes conquistas, resgataria o romantismo de um mundo cínico e sem grandeza.

Infelizmente - inclusive para a literatura - não deu certo.

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