Operários da Notícia

Não esqueça do seu caderno e bloco de anotações. Ele será muito útil. E lembre de levar também canetas extras. Nunca se sabe quando a tinta de alguma pode acabar. Pegue seu gravador, apenas por precaução. Vai que alguém resolva falar uma frase mais polêmica. Ah, olhe as pilhas antes de sair. Elas também acabam sempre nos melhores momentos.

Escolha suas roupas de acordo com suas pautas. Matérias políticas exigem roupas mais formais, semelhantes com a burocracia dos ternos e gravatas. Pautas esportivas e culturais permitem um visual mais despojado, vamos dizer assim. E se você faz reportagens de dia-a-dia nunca, mas nunca mesmo, use roupa nova e sapatos da última moda. Vai que você cobre o buraco numa estrada de terra ou problemas na rede de esgoto.

Diminua a dose do café, o trago do cigarro ou a dose da cerveja. Você precisará de fôlego para ficar até mais tarde num dia e entrar mais cedo no outro.

Ouça mais do que fale. O que importa não é a pergunta bem elaborada, pois esta nem vai para o papel ou para o áudio. Você trabalha para conseguir aquela informação exclusiva, a frase bombástica ou até mesmo para cobrir aquele evento grandioso. Nesta obra de arte o artista não aparece. Nem pode! Não é sua função aparecer mesmo.

Não seja rápido demais na apuração, mas também não enrole muito. A página tem horário para ir pra gráfica e a grade de programação não vai atrasar para atender suas necessidades. Seja criativo, mas não omita informações. O seu concorrente não vai omiti-las. Também não as invente. Você tem um compromisso com a sua realidade, seja ela qual for.

Seja educado e paciente com quem resolva falar com você. Lembre-se que você é obrigado a conversar com as pessoas, mas elas não tem obrigação nenhuma de falar com você. Exercite sua memória e tente não esquecer das pessoas com as quais você conversou. Ninguém gosta de ser esquecido. E elas podem render informações preciosas em outras ocasiões.

Por fim, entenda que muitas vezes você não terá seu trabalho reconhecido. Entenda também que seu trabalho é o mais importante do ramo, mas o mais desvalorizado. Aguentar tudo isso não é fácil. Mas compensa, e muito!

Feliz dia do repórter a todos os operários da notícia. E não tente entender sua profissão. Ela não existe paara ser entendida, mas para ser vivida.

* Dedicado aos colegas repórteres do Jornal Bom Dia e a todos da turma 2010 noturno da Unesp